Mais um dia
Deus estava entediado naquele dia, não tinha nada pra fazer, são Pedro tinha desmarcado um encontro pra um joguinho amistoso de cartas de fim tarde, tudo por conta de um disputa infantil com Poseidon pra ver quem fazia o maior Tsunami lá pelos lado da Ásia, ah aqueles velhos, era um competitividade que dava até raiva..., Bom, mas sem me desviar muito da coisa, voltemos ao nosso bom e velho amigo Deus, recostado na sua poltrona pensando no que fazer da vida.
Enquanto ele não se decide localizamos João José la embaixo, naquela bola de água e terra que ele criou a alguns anos pra seu divertimento pessoal. Ele esta saindo de casa, segunda feira, dia de procurar trabalho, faz quase dois anos que ele ta parado já, e hoje ele tem uma entrevista marcada depois de algum tempo só batendo perna, ele ta confiante, tem que estar, alguém disse pra ele que é bom sair assim já, pessimismo é ruim, otimismo não, até ajuda na hora, embora ele não saiba como isso iria o ajudar, mas ta, já que todo mundo diz que ajuda, pode não fazer bem nenhum mais mal tb não vai fazer conclui ele, então sejamos otimistas, isso mesmo João otimismo meu rapaz, deus esta olhando por vc.
Nesse momento Deus olha pra João mesmo, lá de cima, da sua imponência, sentado no sua poltrona reclinável, seu trono, ele olha, vê tudo com seu olho divino que tudo sabe (e sobre o que não sabe ele inventa, afinal ele é o criador), e pronto, um sorriso pinta em seus lábios, vamos trabalhar um pouco, vamos ser deus agora.
Em seu caminho João vai pensando,uma confusão de pensamentos passa pela sua cabeça, coisas confusas, pensa em como vai ser a entrevista, em como vai ser se conseguir, ahh seria muito bom, ele ta mesmo precisando disso, pensa tb (embora não deva, olha o pessimismo João, pensar positivo, positivo. Lembra???) em como vai ser se fracassar de novo, em como ele irá chegar em casa com mais esse fracasso no currículo, pensa em muitas coisas, ele tem tempo enquanto caminha, é longe e ele ta indo a pé pra economizar o dinheiro da passagem, duas horas de caminhada quase, da tempo pra pensar em muita coisa.
Deus ta lá, olhando o passado de João, investigando a vida dele todinha pra tomar sua decisão, decidir se ele deve ou não intervir pessoalmente para que João consiga o trabalho ou não, ele olha, mas não vê nada demais, João não é um santo, tem vários pecados na sua folha corrida divina, mas nada muito grave, enfim, nada emocionante, nenhuma morte, nenhuma violência contra mulheres ou crianças, bem comum como qualquer outra pessoa, o que não ajuda muito na decisão do senhor, e agora que ele já tomou parte nisso, ele tem que chegar a uma decisão. O que fazer nessas horas então?? Oras, o cara é deus, ele faz o que deus faz, testa a fé e a perseverança do peão, se ele passar no teste bom, recebe o “grande prêmio”, se não passar, então é porque não merecia mesmo.
Caminha João, caminha, pensa positivo, positivo caralho, olha o foco, não, não, isso não é hora pra pensar em como foi das ultimas vezes, não pensa nisso, relaxa e pensa que dessa vez vai dar tudo certo, isso, muito bem, vai pensando e caminhando ai que a gentejá volta pra vc daqui a pouco.
Um teste, é uma idéia não muito original, mas enfim, Deus não é conhecido como um inventor dos mais espertos mesmo, mas que tipo de teste afinal?? João ta no caminho, não da pra testar a fé dele deixando ele no deserto ou coisa parecida. - humm, vou ter que pegar leve dessa vez, deixa eu ver se um pouco de frio e chuva (só não deixa são Pedro saber que andei brincando com elemento dele senão ele vai falar um monte depois) é capaz de parar ele aqui...
Mas que porra, “começou a chover logo agora?” Pensa João, não chove a semanas, ele acordou, olhou pra fora, viu um solzinho gostoso da manhã, e de repente isso?? Chuva?, merda!, mas não tem problema, um chuvinha não vai me parar ele não, ele continua andando, (lá em cima um sorriso barbado), aqui em baixo a chuva aumenta, João para um pouco, se protege embaixo de um arvore ( lá em cima deus pensa “mas logo embaixo de uma arvore?? Esse ai ta querendo mesmo”, mas ele se controla, melhor não apelar), João acha melhor ir, ele ta sem relógio e não quer chegar atrasado, um pouco de chuva não vai matar, a chuva aumenta mais ainda, ele para, espera diminuir, quando começa a andar começa a ficar forte de novo (alguém ta se divertindo com isso, e não é João).
João ta ensopado mais ta indo, ele tem que chegar lá, é uma boa oportunidade que ele não quer perder antes mesmo de tentar, lá em cima vem mais chuva, já ta ficando chato isso, então vamos aumentar as apostas, João chega numa avenida aberta, nada dos lados só arvores, sem lugares pra parar e se proteger agora, (vamos ver o que ele acha de um vento cortante e uma pequena tempestade na cabeça, hehehe), “merda, merda, merda”, agora não da pra parar João, só te resta ir em frente ou voltar, e cuidado com os carros na pista o mané, quase que um ônibus pega teu braço a toda velocidade. (hummmm, pensa Deus, que sujeito chato, onde ele pensa que vai desse jeito, todo ensopado parecendo um cachorro molhado, deixa eu te ajudar aqui um pouco, acabar com seu sofrimento), João olha e não acredita, não é possível isso, uma hora e meia caminhando pra dar de frente com a pista toda alagada, um água cor de laranja, trazendo barro dos barrancos barra todo seu caminho a frente, “puta que pariu, agora fodeu”, é João fodeu, mas vai lá, tenta atravessar, põe seu pé la e vê se da passar, vc tem que chegar daqui a pouco. (caralho, que sujeito chato, ele não desiste não porra, não ta vendo que não da mais tempo??? Resmunga Deus), pronto, agora é o fim, o barro laranja já entrou no tênis, manchou a barra da calça toda, ele ta alem de molhado todo sujo, para numa borracharia no meio da avenida, o único estabelecimento que ele achou ali e pergunta as horas, “porra, tarde demais” e ele finalmente vê que não tem como chegar a tempo mais, acabou..
“Eu já desconfiava” pensa deus, “vai ter que fazer melhor que isso se quiser me vencer filho, continua tentando.”
Quando a João?? Bom, não a primeira vez que ele se dá mal, e nem vai ser a ultima, esse foi só mais um dia comum na vida dele, ele vai sentir uma gama de emoções, não vai conseguir manter o tão precioso otimismo que deveria ajudo, não nos primeiros momentos, vai se perguntar se não teria sido melhor aquele ônibus ter pego ele no meio da avenida e acabado logo com essa porra toda, mas no final vai passar e ele vai continuar por ai, tentando, e se ele tivesse alguma fé, até rezaria pra Deus, por ajuda, ou então pra que ele o deixasse em paz, tanto faz.
O que? Vc quer um moral pra historia? Depois de perder seu tempo lendo tudo isso, vc quer um final com alguma lição de moral, alguma conclusão filosófica ou algo que o valha?, rs, sinto muito, acho que a única moral que consigo ver nisso tudo é a seguinte “É mais divertido ser Deus que ser um João qualquer”
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